sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Little things of life...



Ah, as pequenas coisas da vida...
Talvez eu seja estranha mesmo. Talvez tenha sido pela minha educação. Mas o fato é que eu valorizo as pequenas coisas da vida. Elas me enchem de alegria, encanto e deslumbre. Não quero discutir se é errado ou não quando as pessoas já não mais se atentam a elas. Melhor deixar isso para consciência de cada um. E empresto as palavras de Bob Dylan:


Yeah and how many times must a man look up
Before he can see the sky?
...
Yes and how many years can a mountain exist
Before it's washed to the seas (sea)
...
Yes and how many times can a man turn his head
Pretend that he just don't see?


Agora, para aqueles que sabem celebrar a vida, indico o site: 1000 awesome things.


Vi no TED

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Medicina UFMT

Venho aqui exercer meu direito à liberdade de manifestação do pensamento (art. 5º, IV de nossa Magna Carta), expressando minha solidariedade  aos alunos do curso de medicina da UFMT.
 Fazendo um retrospecto do ocorrido, resumo: no início de junho estudantes do curso paralisaram, insatisfeitos com o curso. Dirigiram suas críticas, entre outras,  ao não cumprimento de carga horária de aulas práticas, falta frequente de professores, o aumento do número de vagas do curso sem a necessária adequação física e contratação de mais professores –  ou seja, críticas à violação do Plano de Ensino e das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Medicina no Brasil. A priori, houve diálogo entre os graduandos e o corpo docente, o qual chegou a manifestar apoio à iniciativa dos alunos. No entanto, o que parecia um acordo verbal feito entre discentes e docentes e coordenadoria mostrou-se insuficiente. Os acadêmicos então redigiram um manifesto e uma carta aberta aos professores, chefes de departamentos e demais estudantes do curso.  Dias depois foram às ruas expor à população de Cuiabá o descaso da UFMT por meio de protesto, publicaram um video na internet (#queroestudar) e, como nada disso fez mexer as engrenagens para melhoria do curso, os alunos procuraram o Ministério Público relatando suas queixas. Ao que tudo indica a representação ao MP restou infrutífera. As férias vieram e se foram, os alunos chegaram a fechar a faculdade para aumentar a pressão e o resultado disso tudo: professores ameaçaram os acadêmicos de reprová-los por falta. E agora o curso segue como se nada tivesse acontecido. Afinal, foi ou não foi um “cala a boca”?
Fica, pois, a minha indignação. Todos sabemos que o curso de medicina é visto como o mais concorrido das universidades em geral, que sua admissão pelo vestibular ou mesmo agora pelo Enem ainda carrega um status de glória àqueles que nele ingressam, e que os que ingressam, na maioria, já passaram à idade adulta. Então por que não os tratar como adultos? Penso que o diálogo havido entre os discentes e o corpo docente deveria ter sido medida sufiente para chegar-se num acordo verdadeiro e frutífero. Mas a impressão que fica é de que não passou de uma fachada para momentaneamente acalmar-se o ânimo dos alunos.
Sei que o curso está passando por mudanças, que houve a adoção de nova metodologia. Sei também do primeiro lugar no Enade conquistado com louvor e sei também haver grandes profissionais dentro do curso, seja como médico seja como professor. Porém, não sei dizer ao certo se estão eles satisfeitos ou não com tais mudanças. Entendo que as mudanças baguçam um pouco tudo por onde passam, mas a intenção é sempre o progresso, a melhora. Afinal, como no campo da gestão de empresas, não saímos da era da inspeção e chegamos na era do balanced scorecard? Houve insatisfação no processo? Com certeza, mas os empresários hoje não estão mais preparados? Com certeza. Assim deve ser também no curso de medicina. E, ainda, maior responsabilidade existe para a medicina da UFMT que se sobressaiu no Enade.
Do meu humilde ponto de vista, a indignação fica aos médicos/professores da instituição. Parece que, ainda que tudo caminhe para o melhor – os indicadores de desempenho do curso, o número de instituições de ensino, as chances de ingresso no curso, a ampliação dos meios de manifestação do pensamento, o interesse dos alunos a uma boa formação acadêmica – aquela velha crítica ao ego dos médicos permanece, sem razão de ser. “Ecce medicus” (eis o médico, pois)...   como bem lembra Karl , autor do blog homônimo da frase latina que aborda de forma crítica a prática médica. No final de tudo, parece que aquela pequena vaidade dos médicos permanece. E como ainda se pode ler no blog, “eritis sicut dii” (sereis como deuses), a frase soa perfeita ao ego de alguns médicos.
Minha pergunta é: até quando essa vaidade se prolongará? Ela vale mesmo até como um “cala a boca” aos estudantes de medicina?