sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Por que dizer oi é tão difícil

Eu tenho poucos amigos. Vários colegas. Muitos conhecidos. De verdade, nem você deve ser muito diferente disso, por mais social que seja. Amigos AMIGOS mesmo são poucos, não? Mas e quando um amigo seu começa a caminhar para a classe dos colegas? E se esse amigo, na verdade, é você?
Pois bem. Criança é um ser estranho. No bom sentido, é claro. Para meninos é bem simples. Rola a bola no gramado e todos os outros são convidados. Tornam-se amigos, passam a estudar juntos e ter uma convivência camarada. Não necessariamente nessa ordem. E pode-se trocar o futebol por qualquer outro elemento que dê conta de ligá-los.
Para as meninas. É a roupa que usam. O estojo da Barbie. É o menino que, porventura, se derretam igualmente. Crescem. Trocam ideias sobre aquilo que gostam. Tudo que uma gosta, é gostado pela outra também. Afinal, na infância feminina, tudo que é meu, é seu também. Claro, estou generalizando. No caso, dando a minha própria versão. Depois, crescem e, sabe se lá como ocorre, mas é supernatural, é preciso ter personalidade. Então, adeus "meu-seu, seu-meu: nosso!". Meu é meu, seu é seu. E isso se traduz facilmente em meu-meu, seu-se, porque eu sou mais eu.
Não, não estou dizendo que fiquem egoístas. Só acredito que no mundo feminino as disputas sempre existem depois de um determinado período. Mesmo que inconscientemente. E cada uma passa a seguir sua vida. Às vezes, esse "seguir" permite que a amizade nunca seja sacrificada. Outras vezes, nem tanto.
Vai-se apenas vivendo, para conquistar espaços: o respeito dos colegas, a admiração dos pais, o olhar do garoto já quase homem, uma vaga na cadeira da faculdade, um bom trabalho, etc.
Só que, às vezes, vivendo tanto na árdua tarefa de se conquistar o próprio espaço, a amizade se esvai. E, ainda que os meios de comunicação hoje permitam um contato quase ininterrupto, fica difícil de dizer "oi, tudo bem?". E por quê?
Porque já não se sabe mais o que a outra gosta. Porque se permitiu demais o "meu-meu, seu-seu" e agora não partilham mais o nosso. E, convenhamos, QUALQUER tipo de relacionamento exige um "nosso!". Nosso filme, nosso segredo, nossa música, nossa piada interna.
E posterga-se o "oi, tudo bem?" para quem sabe, quando se fizer uma nova Revolução Russa. Que nunca acontece.
Distância, distância, distância. Quando na verdade se está tão perto. E aqueles que estão longes, permanecem próximos. Life is odd, eu diria.
Quebro a barreira do medo. Não é preciso começar com "oi, tudo bem?" então, se na verdade tem medo do impacto. Agora, é cuidar para não voltar a esperar-se por uma nova Revolução Russa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, tudo bem?