terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Universo

Gostei de como hoje posamos para uma foto imaginária, que nunca mais vai existir - no sentido mais Heráclito possível - e que, de fato, nunca existiu. 
Adoraria ter tido a oportunidade de ver seu sorriso, mesmo sem poder olhar seu rosto naquele exato momento.
É para isso que servem as fotografias? Permitir às pessoas uma segunda chance de olhar? Uma nova perspectiva? Talvez. Mais do que simples recordações estampadas, elas denunciam. Eu tenho certeza que você estava feliz por estar ao meu lado. Mas uma coisa é saber, outra - ainda melhor -, é ver. Tomé também não era nenhum ignorante, afinal de contas. De todo modo, só o fato daquela objetiva estar voltada para nós dois, querendo retrair o tempo para sempre um pouco mais, já é motivo suficiente para que um incrédulo captasse o que um não podia ver no outro, mas que um terceiro qualquer podia ver de fora.
O universo tem formas das mais variadas de apontar suas escolhas. Não sei ao certo se tem um dedo de Eros nesse enredo, mas uma câmera instantânea sem foto só me dá uma sensação: não precisamos de imagem que ateste nosso amor. Nada contra as fotos, é claro. 

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